Neste carvão em papel branco e fundos nublados, dois amantes traçam-se na linearidade dos quadrados, entrecortados por arcos de quadratura, semi ou circunferência, ou quase abatidos em três centros.
As faces de traços aquilinos arredondam-se em geometria perfeita. O pousar das pernas, dele e dela, tocam-se em equilíbrio matemático e suportam-se em pés, os dela delicados os dele em apoio de calor.
Nas linhas cerradas que escondem algo do abraço, a vista percorre os laços e vislumbra os momentos do amor.
Poucos traços, mas ricos de expressão cuidada, um profundo conhecimento do enquadramento geométrico do amor. Isto é um mestre!
Nota: desculpem as sombras na parte inferior produzidas pelos reflexos do vidro que o protege. Esqueçam-se disso e admirem o traço do génio.
Rui Agostinho, maio de 2018.
texto inicialmente colocado no Facebook, 5-jun-2017.