“A Geometria do Eu Colorido” pode ser um mote para divagar neste Almada Negreiros.
O pensamento delineia-se em camadas e relações. Neste vermelho intenso os olhos vislumbram uma camada profunda, salpicada de manchas irreverentes e um D disforme, agrilhoado na ordem da camada superior.
Mas na base assenta-se o entrelaçado de linhas centradas, angularmente divididas, que definem a seta contínua do pensamento, a diagonal mantida entre círculos alinhados, ligados entre si em círculos maiores, a base do universo.
As criações da alma manifestam-se em retângulos inscritos, coloridos, evolutivos, parcialmente intersectados, num lado transparentes ao mundo, noutro amarelos de opaco, impondo a sua razão.
Não seguem as dimensões de ouro mas apenas de 1,3 entre os lados, 1,26 ou 1,64 com a hipotenusa, que é a mais importante pois guia a ordem do coração. Deste lado do ego, o triângulo inscreve-se em arcos coloridos em diversas matizes de vermelho encarnado, ou finamente recortados por pontilhados, as subtilezas da razão.
A esfera da alma delimita-se no quadrado da razão universal, que foi subdividido em quatro lados, em cambiantes de tonalidades, que mostram os diversos pontos e áreas recônditas do vasto universo.
Nota: Não ligue ao texto mas aprecie o quadro de Almada Negreiros, pois tudo isto é divagação que se sente enquanto se o vê, libertando-se a alma a perder-se na geometria das cores.
Rui Agostinho, maio-2018
texto inicialmente colocado no Facebook, 6-jun-2017.