O Arlequim e a Bailarina é um dos quadros de Almada Negreiros que esteve na exposição da Fundação Calouste Gulbenkian.
É grande e a vista não larga a composição majestosa que o pintor criou. Ficamos presos à dinâmica do seu equilíbrio e ao claro-escuro das cores aqui escolhidas.
Há um jogo fantástico neste triângulo circense: o corcel de tez clara pousa o olhar nas ordens do arlequim que estático admira a graciosidade da bailarina, símbolo de toda a beleza.
O rico traje do bobo contrasta com o pêlo escurecido do corcel, onde se pousa a feminina graça. Dela realça-se o V do tronco e a face bela, coroada na dança dos braços superiores.
A luminosidade do tema divide-se em duas metades, definidas pela diagonal principal: o triângulo esquerdo inferior é rico de luz e o outro apaga-nos da vista os detalhes ricos do autor. É preciso procurá-los.
Porquê este equilíbrio majestoso em três figuras tão distintas? a geometria apaixonante de Almada Negreiros está aqui impregnada e dá o substrato fantástico a este quadro. Abordarei esse assunto no próximo episódio. Não perca que eu também não.
Notas:
a) a foto tem reflexos no topo superior esquerdo que alteram o quadro original. Aqui fica o pedido de desculpas.
b) Fiquei maravilhado com Almada Negreiros e por isso decidi comentar livremente alguns dos seus quadros.
c) Para quem não liga à arte, ou só prefere o Rui Ag da astronomia, ou não gosta daquilo que digo.. paciência que isto vai passando devagarinho.
Rui Agostinho, maio-2018
texto inicialmente colocado no Facebook, 7-jun-2017.